segunda-feira, 3 de março de 2008

Contos de Carnaval - Parte 1

As cidades interioranas que possuem universidades federais são um antro de baladas, festas, cervejadas, festinhas de repúblicas, bares e o que mais você quiser chamar de "rock", sempre regadas e muita cerveja, bebidas coloridas pra embebedar a mulherada e quem sabe mais o quê! "Rock" é a denominação utilizada aqui pra tudo isso que acaba de ser relacionado acima. E em uma cidade universitária do interior de Minas Gerais (não, não é a cidade de Ouro Preto) não é diferente. Pra se ter um rock não importa o dia nem a hora. Se você senta na mesa de um buteco, tem tudo pra virar um rock, pois sentado ali, tomando uma cerveja, gelada já é motivo pra você chamar a galera pra sua república e fazer um rock, mesmo se esse dia for uma odiada segunda-feira.

Acontece também que muitas vezes o rock em república não acontece em uma república. Difícil de entender, neh?! Explicando: esse conceito é válido quando um estudante nativo, que na esmagadora maioria das vezes mora com a família, tem os pais a quilômetros de distância, a irmã mais nova estuda em uma outra cidade e o irmão mais velho já se formou e também mora em outra ciade. Sendo assim, a sua casa passa a ser uma república. República porque ele vai organizar em sua limpa residência um rock, no velho estilo "mamãe viajou".

Rock organizado, vamos chamá-lo de "churrasquinho", que é a típica festa em que você reúne um bando de amigos, amigos dos seus amigos, algumas amigas (sim, as mulheres também tem vez nessa modalidade de rock, porém, em número reduzido) e algumas mulheres pra quem quiser pegar. Pegar no sentido de ficar, arrastar pra onde você achar mais conveniente. Essas geralmente são conhecidas de algum amigo e estão ali para ficar com quem as levou e as que sobrarem geralmente vão atrás do dono da república (algumas mulheres crêem veementemente que pegar o dono da república é sinônimo de status).

Plena quarta-feira, Pavão (estudante da faculdade) organiza na sua "república" um churrasquinho pra galera. Aproveitando a estadia dos pais em terras longínquas, convida alguns amigos pro rock e solicita que no mínimo um deles leve as mulheres (o conhecido "bolo pra festa"). Churrasquinho armado, carne na grelha, cerveja gelada no freezer, recolhimento da taxa de 10 reais por cabeça (esqueci de explicar: festas em repúblicas sempre tem os custos divididos por cabeça, mas geralmente as mulheres pagam menos, pois elas consomem uma quantidade de bebida menor do que a macharada e também são mais asseadas e não vomitam por toda a casa).

São 4 da tarde, churrasquinho rolando à toda, o fluxo de pessoas nas dependências da "república" é grande: cerca de 30 pessoas, sendo que são 23 homens e 7 mulheres, todas elas namoradas de algum dos 23 homens convidados. Pavão espera anciosamente pela chegada de Vandinho. Vandinho é o cara. Ele sempre é o sujeito que leva a mulherada pras festinhas em repúblicas. Sempre animado, conhece todos os pitelzinhos e vagabas da cidade.

E chega o momento tão esperado, Vandinho chega na festa acompanhado de 3 mulheres, sendo que uma delas já está em sua companhia e as outras duas serão atiradas aos 16 leões famintos por carne feminina. Um ponto é preciso relevar: geralmente, os machos frequentadores de churrasquinhos fazem questão que as mulheres que serão jogadas aos leões tenham uma aparência no mínimo média, nota 6 e meio, pra não ficar feio depois frente a galera e ter que ouvir a zuação e o deboche dos amigos porque pegou um canhão. E nem adianta soltar aquela velha máxima "Só peguei pra comer!".

Como não poderia deixar de ser, as 3 acompanhantes de Vandinho tem uma aparência agradável, nota 6 e meio como era de se esperar. Ou seja, qualquer um dos convidados não pensaria duas vezes para atacar! Conversa vai, conversa vem, o churrasquinho vai pegando fogo, todo mundo muito empolgado, bebendo, muitos já loucos, as rodinhas formadas (muitos clubes do bolinha) e as mulheres do Vandinho se divertindo a valer (esse tipo de mulher geralmente não paga nesse tipo de festa, uma vez que estão ali pra fazerem a alegria de alguns) com os machos caindo em cima de elogios, carinhos, loucos pra tirar uma casquinha e quem sabe pegar e arrastar sabe-se lá pra onde.

Já são altas horas da noite (lá pelas 11) e o churrasquinho já perdeu fôlego. Todos os casais já se foram, a maioria dos machos também, restando apenas 3 bravos guerreiros disputando as duas presas, entre eles o dono da festa, Pavão.

- Ei, Vandinho - Pavão chama o amigo - Essas duas aí não tão querendo nada com nada! O que eu faço? Já tô com sono e num tô afim de ficar paparicando essas vagabas não! Dá um jeito de mandar elas embora!

- Pô, Pavão! Duas gatinhas dessas e você ainda no zero a zero? Fala sério, neh! Mas podexá que eu dou um jeito. Aguenta mais um pouquinho aí só.

Um dos machos desiste e vai embora, deixando as gatinhas à mercê dos dois sobreviventes. Um deles (Manoel) aproveita a situação e lasca um beijo em uma delas (Fabi), que retribui calorosamente. A situação esquenta e ambos se despedem com a esfarrapada desculpa de que já está tarde. Pavão, se remoendo de raiva, tenta lascar um beijo na única mulher que sobrou (Paulinha), mas se ferra e leva um tapa na cara.

- Sua piranha, puta, vagabunda, vadia, ordinária! Vá dar um tapa na sua avó! Filha de uma sapa gorda! - grita Pavão, revoltado com o tapa recebido carinhosamente no meio dos fuças.

- Calma, Pavão! - intervem Vandinho, vendo as moças assustadas - Acho melhor você ir dormir! Eu já vou sair fora com as meninas! Relaxa!

- Beleza, cara! Vou dormir sim. É a melhor coisa que eu faço depois de uma derrota dessas.

E Pavão vai dormir.

- Meninas, só um minuto que nós já vamos
- diz Vandinho - Tenho apenas que encotrar as chaves do carro!

Vandinho encontra as chaves do Eco Sport dos pais de Pavão e sai com as meninas.

Continua...


Dr. Spock

5 comentários:

José Vitor Rack 03 março, 2008 21:30  

vc não escreve dramaturgia? pense nisso...

belo blog

SINOPSE INACABADA

Anônimo 03 março, 2008 22:07  

Belo post.
Deixou um suspense para a parte 2.
Talvez eu faça um "rock" aqui em casa,e foi bom ter essas noções de como se organiza um rock.

OBS:
Eu sou o Eduardo, do blog Hipermétrope, que está linkado ao seu( obrigado ). O Oloucomeu também esta linkado ao meu.

Só que eu mudei do Blogger para o Wordpress, então se vc puder mudar o endereço do Hiper, eu ficaria muito grato.

Abraço!

Dual 03 março, 2008 22:28  

muito bom!

(Didixy) Conquistadores 03 março, 2008 23:33  

Muito bom cara, além do layout excelente. Vou voltar ou me avisa quando sair parte 2.

abs

Anônimo 03 março, 2008 23:38  

Ahhhh!

Post gigante! :] HAHAHA
Então eu comento... Ai eu leio.
Ai se eu gosto... Eu comento de novo! =P

Mas curti o blog!
Parabéns!

=*

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