sexta-feira, 26 de setembro de 2008

"Não nos deixei cair em tentação"

O título desse post pode gerar uma interpretação de conotação sexual, pois sempre que se fala em tentação tem mulher gostosa envolvida. Mas dessa vez não é. Vamos aos fatos:

Ontem morreu a mãe do dono da padaria do meu bairro (sim, eu digo morreu, nada de usar a palavra "faleceu" porque pra mim isso não ameniza a situação; morreu tá "morrido"), uma senhora já de idade e que por coincidência é era minha tia-avó (detalhe: eu nem conhecia). Como a senhora era uma pessoa muito conhecida aqui no bairro e na cidade, o alvoroço foi grande, todo mundo só falando da morte da velha.

Até que ontem a noite aparece aqui em casa uma senhora vizinha, chegou aqui afoita (pra não dizer feliz) procurando pela minha mãe pois estava ávida por mais detalhes da morte, do velório e do enterro. Então foi aí que eu fiquei impressionado. Sabe essas velhas rezadeiras? Desses grupinhos que se juntam pra rezar todo dia, e que geralmente já tão mais pra lá do que pra cá e tão querendo garantir um bom lugar no céu? Garanto que no seu bairro tem um, ou então pelo menos já viu em algum lugar.

Bom, fiquei impressionado com tamanha felicidade e empolgação da minha vizinha querendo saber dos detalhes, já que iria acontecer uma celebração religiosa pela alma da idosa empacotada. Fiquei embasbacado com o brilho no olhar da vizinha falando de celebração, "rezar pra alma", entre outras coisas do gênero que eu não faço a menor idéia. Não sei se foi impressão minha, posso estar muito enganado e até cometendo uma heresia dizendo isso, mas a vizinha parece ter ficado feliz com a morte de uma pessoa pois isso implicaria em uma celebração e iriam rezar para a alma de alguém! Então eu concluo: ela iria se divertir, por isso estava tão feliz!

Durante a temporada que passei na "Busholândia" as housekeepers do hotel que eu trabalhava eram religiosas fervorosas. E sempre após o final de semana voltavam extasiadas ao trabalho, pois passavam o domingo na igreja rezando. Então compreendi algo: rezar era a única diversão que tinham essas pessoas. Se elas faziam sexo? Não sei, mas sei que eram casadas (o que não quer dizer nada). Da mesma forma, vejo que para a minha vizinha, a única diversão que ela tem é rezar. Por isso rezam tanto. As missas aos domingos já não são suficientes, então inventam de rezar o terço na casa dos vizinhos durante a semana (sim, elas precisam se distrair, se divertir). Então quando morre alguém é motivo de festa. As "velhas rezadeiras" da vizinhança se juntam e partem em comitiva até o velório. É mais ou menos quando tem uma festa, um rock, balada, entre outros termos, que você já espera há tempos. A diferença é que ninguém sabe quando o outro vai morrer, e como existe o fator surpresa, o negócio fica ainda mais interessante, a adrenalina sobe.

Digo que é diversão porque vejo um exemplo próximo a mim. A mulher que trabalha aqui em casa é uma religiosa fervorosa. Deixa de fazer qualquer coisa pra participar de paróquia, rezar terço pela vizinhança e etc. E quem fica puto com isso é o marido (e com total razão). Tá com um monte de menino catarrento doente, e ao invés de levar pro hospital, tá rezando pra molecada melhorar. Ela se encontra na faixa dos 35 anos de idade, mas tem a aparência de uma "velha rezadeira". Parece que aparência é até pré-requisito.

Vendo essa situação que me fez pensar muito, eu pude concluir duas coisas: que as pessoas que encaram a religião com muito fervor são tão fanáticas como os conrinthianos e atleticanos (o efeito disso é semelhante ao vício de uma droga) e que existem formas de diversão muito mais divertidas do que rezar o dia todo (esse povo sabe o que é sexo ou internet?).

E pra fianalizar um aviso: as opiniões expressas nesse post podem gerar alguma confusão ou interpretações errôneas. Respeito a todas as religiões e cada um faz da sua vida o que bem entender, eu só não sou obrigado a concordar com tudo que pregam as religiões, e da mesma forma espero ter a minha opinião respeitada.

Sr. Spock

4 comentários:

Anônimo 28 setembro, 2008 01:42  

Cara, isso é bizarro. Mas pra ela, deve ser um evento muito esperado. Afinal, não é sempre que elas podem rezar realment pela alma de alguém.

Anônimo 28 setembro, 2008 03:29  

Nossa! Voce perde tempo escrevendo posts no final de semana? Você não sabe o que é cinema ou sexo ou os dois!?

hehehe... Tô brincando.

Para mim, falecer nunca foi eufemismo pra morrer sendo que as duas palavras têm o mesmo sentido. Tá certo que a minha professora de português da sexta série não concordava comigo... Mas quem se importa?

Eu sou uma pessoa completamente a favor do fanatismo religioso. Acho que tem bons fins sociais. Exemplo? Viciados em droga, jogos e chocolate que abandonam tudo e passam a fazer parte da Renovação Carismática Católica (aqueles mais radicais que não acreditam em dinossauros porque vai contra a história de Adão e Eva e tal).

A verdade é que quando alguém tem vício, só abandona aquilo por outro vício. Não é a toa que alcoolatras que não bebem há mais de 20 anos, ainda vão a reuniões do AA.

E veja bem: isso não é ruim de forma alguma. Pode ser chato quando tentam te convencer a parar de beber (ou a não fazer sexo antes do casamento), mas se você prestar atenção no todo, esse fanatismo faz bem a um monte de gente. Principalmente às famílias.

E isso vale para as vizinhas fofoqueiras e beatas de cidade de interior. Velório é um evento, missa é um evento... Simplesmente porque não tem mais nada para fazer! Se elas não rezassem e não fossem a todos os velórios chorar como se a bizavó da prima de uma tia de terceiro grau fosse a mãe delas... bem...

Se elas não fizessem isso, iriam ficar em casa enchendo o saco do marido, dos filhos, do cachorro...

E aí o marido ia se mudar de casa (ao invés de achar uma amante porque a mulher nunca faz sexo com ele), os filhos iam se revoltar e começar a vender drogas (ao invés de fumar gudan escondido no banheiro da escola) e os cachorros... Não... Cachorros lidam melhor com as situações do que nós humanos.

Mas os gatos provavelmente iriam ficar mais chatos do que o normal.

Enfim... só minha opinião.

Anônimo 29 setembro, 2008 18:09  

Eu conheço algumas veljhas desse tipo. Elas levam a religião para um patamar muito alto em suas vidas. Se isso é a diversão que elas tem, para mim tudo bem. O problema é quando a religião começa a atrapalhar o caminho natural das coisas.

Quando por exemplo, um empregador, ao fazer um entrevista de trabalho, pergunta se você vai a igreja aos domingos. Eu acho que o fato de eu ir ou não a igreja no domingo, não me faz um funcionário melhor nem pior.

Recentemente, estamos vendo a guerra entre a Rede Globo e a Rede Record. Tudo por que a Record é uma empresa da IURD, que no momento tenta ganhar peso político com candidatos da "igreja".

Quantoa essas velhas rezadeiras, fico sempre pensando se elas sempre foram assim, até mesmo na juventude. Ou se tornaram religiosas, com o final da vida chegando?

vlew.

Edson 03 outubro, 2008 13:23  

quando Marx disse que "a religião é o ópio do povo" quis dizer justamente isso. essas pessoas usam a religião com o mesmo intuito que os usuários de drogam usam a própria. é um meio de chegar ao "ecstasy"(o estado, não a droga), de fugir da realidade.
tem gente que fuma, tem gente que reza. no fim não faz lá tanta diferença.

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